Melhor ano da história do vinho brasileiro fechou com a venda recorde de mais de 24 milhões de litros. Espumantes e suco de uva não tiveram o mesmo êxito
O ano do vinho fino. Assim ficará marcado na história da vitivinicultura brasileira o ano de 2020, batizado como a ‘Safra das Safras’. Desde 2013, as vinícolas não superavam os 20 milhões de litros. O volume de 2019 de 15,4 mi de litros saltou para 24,2 mi de litros no ano passado, um incremento de 56,56%. Já os espumantes caíram 6,63%, passando de 13,5 mi litros para 12,6 mi litros, com exceção dos moscatéis que tiveram um pequeno acréscimo de 3,90%, indo de 8,9 mi litros para 9,2 mi litros. Outra queda foi na categoria do suco de uva. Os 175,9 mi de litros vendidos em 2019 caíram para 166,7 mi em 2020, um tombo de 5,24%. Estes são os dados oficiais da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), com base no Sistema de Cadastro Vinícola da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul e do Ministério da Agricultura.
Apesar do bom desempenho geral, o setor ainda busca maior competitividade frente aos importados qu,e mesmo com a alta do dólar, cresceram 28,85% no mesmo período. Só que neste caso, o volume é oito vezes maior que o dos vinhos finos brasileiros, ou seja, em 2019 foram 114,1 mi de litros e em 2020, 147,1 mi de litros. “O trabalho é longo, mas estamos no caminho certo. Agora, uma parcela maior de brasileiros descobriu o vinho nacional e percebeu sua qualidade. Nosso desafio é manter este consumo e ir além”, destaca Deunir Argenta, presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra).
Fatores econômicos, de logística, tributários, diversidade, novas regiões produtoras, desenvolvimento do enoturismo, a mudança de hábitos em razão da pandemia e o locavorismo contribuíram para o ganho de competitividade. Mas a grande conquista é a percepção por parte dos brasileiros da qualidade dos vinhos e espumantes nacionais. “Nosso país é um continente e o setor vitivinícola brasileiro, apesar de já existir mais de 20 regiões produtoras, ainda tem 90% de sua produção centralizada no Rio Grande do Sul. Precisamos melhorar ainda mais essa distribuição, aproximando o consumidor dos nossos rótulos”, ressalta Argenta. A aposta no e-commerce e em ferramentas práticas como o próprio WhatsApp tem facilitado a venda com entrega em qualquer parte do país.
Exportações
O volume de vinhos finos e espumantes que chegam à mesa de consumidores do mundo todo ainda é pequeno, mas mesmo diante de uma pandemia global e dos entraves que ela ocasionou, especialmente o fechamento de fronteiras, o desempenho em 2020 foi positivo. O volume em litros de vinhos finos que saiu do Brasil rumo a outros países passou de 3,4 mi em 2019 para 4,4 no ano passado, um impulso de 29,85%. O crescimento também acompanhou os espumantes que foram de 686 mil para 771 mil, um aumento de 12,29%. Já o suco de uva, teve uma queda expressiva de 43,13%, indo de 2,4 mi para 1,3 mi.
Foto: Jeferson Soldi