Um voto, mil significados: o retrato da democracia em Lagoa Vermelha

Por Marcos Roberto Nepomuceno

As eleições de 2022 para deputado federal em Lagoa Vermelha revelaram um aspecto curioso e ao mesmo tempo simbólico: dezenas de candidatos de diferentes legendas receberam apenas um único voto no município.

Embora pareça um dado irrelevante à primeira vista, esse número mostra a dimensão da democracia — onde cada eleitor tem o direito de expressar sua escolha pessoal, por afinidade, convicção ideológica ou simples simpatia por um nome. Esses votos solitários refletem, de certa forma, a pluralidade do eleitorado lagoense, que distribuiu suas preferências entre nomes conhecidos e candidatos pouco divulgados, vindos de diferentes regiões do Estado e do país.

UMA AMOSTRA DA DIVERSIDADE PARTIDÁRIA

A relação de candidatos com apenas um voto abrange quase todo o espectro político brasileiro. Entre eles estão nomes como Jorge Luiz da Costa Pimentel e Henrique Morini Querol, do Solidariedade; Eduardo Keller e Marco Antônio da Rosa Marchand, do Republicanos; Edmilson Freire Pinto e Eraldo Antônio Almeida Roggia, do PTB; Paula Holzmann de Almeida e Abdias Felipe Franco, do Avante; Carina Belome Lemes e Tatiana Rheingantz Armos, do PSC; Andréia Pinheiro Vagheti e Jorge Alan Souza, do PSDB; Paloma de Freitas Daudt e Bruno de Azambuja Silveira, do PSOL; Joacir Picolotto e Henrique Mascarenhas de Souza, do PT; Nereu Crispim e Silvana Machado Vargas, do PSD; Jolisa Duarte de Matos e Marcos Dias Ferreira, do PP; Felipe Alexandre Klein Diehl e Adriana Leite da Silva, do PL; Charles Bernhard Schulle e Leo da Silva Alves, do Novo e PSB, respectivamente; José Ricardo Adamy da Rosa e Alzira Janice Peres Leal, do MDB; Cesar Elisandro Bilycz de Camargo e Nikaya Martins Vidor Moura, do PDT e PSTU; entre outros.

Essa pequena amostra já evidencia o quanto o voto lagoense é multifacetado, passando por siglas tradicionais, como PP, PL, PSDB, MDB e PT, até partidos de menor expressão nacional, como UP, PSTU e PSC.

O SIGNIFICADO DESSES VOTOS

Esses votos únicos têm um valor simbólico. São marcas de uma democracia viva, onde cada eleitor tem o poder de escolher, mesmo que sua decisão não represente uma tendência coletiva. Um único voto pode vir de um familiar, de um amigo, de um simpatizante distante ou de alguém que encontrou no nome do candidato um sinal de identificação pessoal. É o voto da consciência individual, aquele que reafirma a liberdade do processo eleitoral.

Enquanto milhares de votos se concentraram em nomes como Covatti Filho, do Progressistas — o mais votado com 4.000 votos —, outros candidatos deixaram apenas uma pequena, mas significativa, marca na história eleitoral do município.

UM MOSAICO DE PARTICIPAÇÃO

A soma desses registros, embora mínima em quantidade, tem valor qualitativo. Representa o direito de escolha em sua forma mais pura e individual. Mostra que Lagoa Vermelha é um retrato da diversidade brasileira, onde convivem lado a lado o voto pragmático, o voto regional e o voto de opinião.

Num cenário político cada vez mais polarizado, esse mosaico de pequenos gestos revela algo essencial: a democracia não é feita apenas de maioria, mas também de pluralidade.

ESPELHO DA LIBERDADE

Os votos únicos das eleições de 2022 provam que, em Lagoa Vermelha, a urna é mais do que um instrumento de contagem — é um espelho da liberdade. Cada nome, cada número, cada escolha individual contribui para a construção da vontade coletiva.

No fim, a grandeza da democracia está justamente nisso: em permitir que cada cidadão, com um único voto, possa deixar sua marca na história política da cidade. É nos detalhes — e não apenas nas grandes vitórias — que a democracia se mostra em sua forma mais autêntica e humana.

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