Sem prevenção, nenhum país suportará o avanço do câncer, alerta diretora de agência da OMS

O mundo caminha para um crescimento expressivo dos casos de câncer nas próximas décadas e, sem políticas públicas consistentes de prevenção, nenhum país terá capacidade financeira ou estrutural para enfrentar esse cenário. O alerta é da médica epidemiologista Elisabete Weiderpass, diretora da Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC), órgão vinculado à Organização Mundial da Saúde (OMS).

De acordo com dados apresentados pela IARC, o mundo registrou cerca de 20 milhões de novos casos de câncer e aproximadamente 10 milhões de mortes em 2022. As projeções indicam um quadro ainda mais preocupante: até 2050, o número de novos casos pode crescer cerca de 77%, enquanto as mortes podem aumentar 87%, pressionando fortemente os sistemas de saúde em todos os continentes, especialmente em países de renda média, como o Brasil.

Segundo Weiderpass, concentrar esforços apenas no diagnóstico e no tratamento não será suficiente. “Sem prevenção, nenhum país conseguirá suportar o tsunami de câncer que virá”, afirmou. A especialista ressalta que tratar a doença sem investir fortemente em prevenção será financeiramente inviável nas próximas décadas, além de ampliar desigualdades no acesso à saúde.

A diretora da IARC destaca ainda que cerca de metade dos casos de câncer poderia ser evitada por meio de medidas preventivas já conhecidas e baseadas em evidências científicas. Entre elas estão o combate ao tabagismo, a redução do consumo de álcool, o controle da obesidade, a promoção de hábitos alimentares saudáveis, a prática regular de atividade física, a vacinação contra vírus associados ao câncer e a diminuição da exposição a poluentes ambientais.

Outro fator determinante é o envelhecimento da população mundial, aliado às mudanças no estilo de vida e às desigualdades socioeconômicas. Para Weiderpass, a prevenção precisa ocupar papel central nas políticas públicas de saúde, com ações contínuas e integradas entre governos, sistemas de saúde e sociedade.

O alerta da OMS reforça que prevenir o câncer não é apenas uma estratégia de saúde pública, mas também uma decisão econômica e social, essencial para garantir sustentabilidade aos sistemas de saúde e qualidade de vida às futuras gerações.

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