Dados inéditos da 10ª etapa da pesquisa estimam que dois milhões de habitantes têm anticorpos para a Covid-19 no estado. Em Passo Fundo 17,4% dos testes foram positivos
A proporção de pessoas com anticorpos para o coronavírus na população gaúcha quase dobrou no intervalo de um mês, de acordo com dados mais recentes do estudo de Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19 no Rio Grande do Sul (Epicovid19-RS). A nova etapa da pesquisa, realizada entre 9 e 12 de abril, estima que dois milhões de habitantes têm anticorpos para o vírus no Estado. No levantamento anterior, realizado entre 5 a 8 de fevereiro, esse número era de 1,13 milhão. Os resultados mostram que a prevalência de infecção pela Covid-19 aumentou de 10% para 18,1% entre as duas últimas fases de coletas de dados da pesquisa. De acordo com as últimas estimativas, a proporção é de uma pessoa com anticorpos para o coronavírus a cada 5,5 moradores do RS.
Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira, dia 29 de abril, em live na página do Facebook do Governo do RS. Para a coleta dos dados, os pesquisadores realizaram 4,5 mil entrevistas e testes para o coronavírus entre os dias 9 e 12 de abril em nove cidades. Desse total, 4.446 testes foram válidos e 807 tiveram resultado positivo. Cento e quatro deles foram na cidade de Uruguaiana, que apresentou 20,8% do total de testes positivos, seguida de Santa Maria, com 91 positivos (18,2%) e Ijuí, com 90 positivos (18%). Canoas teve 93 positivos (17,7%), e Santa Cruz do Sul, 88 (17,6%). Porto Alegre e Passo Fundo tiveram 87 (17,4%) testes positivos cada. Caxias do Sul teve 85 positivos (17%), e Pelotas, 82 (16,4%).
O estudo incluiu novas análises sobre a cobertura de vacinação entre os participantes da amostra. Do total de 4,5 mil entrevistados, 26,1% receberam a primeira dose de vacina contra o coronavírus, e 13,2% receberam a segunda dose. As proporções de cobertura vacinal coincidem com a priorização dos grupos mais idosos da população. A primeira dose do imunizante alcançou 94,3% dos idosos com 80 anos ou mais; 66,5% dos idosos com idades entre 60 a 79 anos; 5,9% das pessoas de 40 a 59 anos e 11% das pessoas de 20 a 39 anos. “A recomendação é vacinar a população com as duas doses de imunizantes o mais rápido possível, com prioridade aos grupos que estão em maior risco de casos severos e morte pela doença, como idosos e pessoas com comorbidades”, alerta o epidemiologista e coordenador do estudo, Pedro Hallal.
Os coordenadores do estudo reforçam a necessidade de manter as medidas de controle do distanciamento social até os níveis de transmissão do vírus diminuírem no estado. “Ainda estamos longe da imunidade coletiva. A vacinação e as medidas de distanciamento são as únicas maneiras de controlar a disseminação do vírus e evitar o aparecimento de novas mutações”, acrescenta Hallal.
Importância da vacinação
Para o professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Dr. Kauê Collares, que atua como um dos responsáveis pelo recrutamento de pesquisadores voluntários para o desenvolvimento do estudo, juntamente com os professores Dra. Shana Ginar da Silva (UFFS) e Dr. Jeovany Martínez Mesa (Imed), a vacinação é a melhor forma de prevenção ao vírus. “A capacidade de vacinação de Passo Fundo, pelos dados do Governo do RS, está muito boa e se continuarmos assim vamos ter resultados melhores daqui a um tempo. É importante reforçar a importância da vacinação e enquanto não temos toda a população vacinada o distanciamento social e o uso de máscaras é fundamental para que não ocorra um novo aumento no número de casos”, disse.
O Epicovid19 é o único estudo populacional do mundo a realizar dez fases de monitoramento da prevalência de infecção pela Covid-19 na população das mesmas cidades. A pesquisa tem coordenação da Universidade Federal de Pelotas e do Governo do Estado Rio Grande do Sul, com apoio de doze universidades públicas e privadas, dentre elas a UPF.
O objetivo do estudo é estimar o percentual de gaúchos infectados pela Covid-19, avaliar a velocidade de expansão da infecção e fornecer indicadores precisos para subsidiar políticas de enfrentamento da pandemia. O estudo conta com financiamento do Todos Pela Saúde, Banco Banrisul, Instituto Serrapilheira, Unimed Porto Alegre e Instituto Cultural Floresta.
Foto: Camila Guedes/UPF