Francisco Passamani, de 10 anos, foi o primeiro paciente da oncologia infantojuvenil a realizar quimioterapia por meio de uma bomba de infusão portátil
O avanço no tratamento de doenças oncológicas infantojuvenis representa uma nova esperança para crianças e adolescentes que lutam contra o câncer. No Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, pacientes diagnosticados com Leucemia Linfocítica Aguda ganharam um novo aliado nesta batalha. Através do Sistema Único de Saúde (SUS), a Instituição utilizou, pela primeira vez, uma bomba de infusão portátil para o tratamento quimioterápico da doença.
O médico coordenador do Centro Oncológico Infantojuvenil do HSVP, Dr. Pablo Santiago, reforça que o empenho de novas tecnologias agrega reforços ao arsenal médico anti-câncer. “No horizonte das possibilidades, cada vez mais medicações conhecidas como drogas-alvo têm surgido e revolucionado os resultados, tornando possível resgatar pacientes antes considerados incuráveis. Dentre as medicações recentes está o Blinatumomabe, que foi desenvolvido para identificar células de Leucemia Linfocítica Aguda e estimular o próprio sistema imunológico do paciente para destruí-las”, explica.
Francisco Passamani, de 10 anos, foi o primeiro paciente da oncologia infantojuvenil do HSVP a receber este medicamento por meio da bomba de infusão portátil. “A infusão de Blinatumomabe necessita, obrigatoriamente, ser realizada de forma contínua ao longo de 28 dias ininterruptos. Isso exigiria uma hospitalização por todo esse período se não fosse a utilização de uma bomba específica de infusão, muito leve, que o paciente pode carregar em uma mochila. A infusão é realizada de forma muito lenta e, por isso, também foi necessário o implante de um acesso venoso de última geração”, detalha o médico coordenador.
Ainda conforme o Dr. Pablo, passado o período de 28 dias, o paciente já tem uma programação para a realização de transplante de medula óssea com o doador identificado. “Como a permanência hospitalar para o transplante será muito prolongada, permitir o uso de Blinatumomabe em casa por todos esses dias é um grande diferencial na qualidade de vida dessa criança”, destaca.
A Leucemia Linfocítica Aguda é o câncer mais frequente em crianças abaixo de 10 anos de idade. “Essa leucemia possui índices muito altos de cura com aqueles quimioterápicos tradicionais que conhecemos há décadas, no entanto, em uma minoria de casos, as células leucêmicas são resistentes a esses medicamentos e precisamos contornar essa resistência”, explica Dr. Pablo.
Para as farmacêuticas do Serviço de Oncologia do HSVP, Carla Rigon e Elizane Langaro, a utilização de Blinatumomabe de forma domiciliar, como parte do tratamento de pacientes com Leucemia Linfocítica Aguda, representa um grande avanço na Instituição. “Esta foi a nossa primeira experiência com a infusão deste medicamento por meio de uma bomba de infusão portátil. A infusão ocorre por 24 horas, então a cada 72 horas o paciente retorna ao hospital para repor a medicação, e assim ocorre durante 28 dias sucessivamente. Essa inovação representa uma grande vitória, pois melhora a qualidade de vida do paciente”, destacam as farmacêuticas.
Créditos: Liliane Ferenci