Casamentos em queda, divórcios em alta e crescimento das uniões homoafetivas marcam mudanças no comportamento dos brasileiros

Redução nos nascimentos e aumento de casamentos entre pessoas do mesmo sexo refletem transformações sociais profundas no país, aponta IBGE

Dados divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam um novo retrato das relações familiares no Brasil. Conforme matéria publicada pelo jornal O Globo no último dia 17 de maio, o ano de 2023 foi marcado por importantes mudanças demográficas: queda acentuada no número de casamentos e nascimentos, crescimento das separações e aumento expressivo nas uniões homoafetivas.

Segundo o levantamento, o país registrou 2.523.267 nascimentos em 2023 – o menor índice em quase meio século. A queda reflete, entre outros fatores, o impacto de uma sociedade cada vez mais urbana, o aumento da escolarização feminina, os desafios econômicos e a priorização de carreiras e projetos pessoais em detrimento da formação de famílias numerosas.

No mesmo compasso, os casamentos também diminuíram, com uma retração significativa em relação a anos anteriores. Enquanto isso, os divórcios seguem em ascensão, evidenciando uma mudança na maneira como os brasileiros encaram as relações conjugais. De acordo com o IBGE, 47,8% das separações ocorrem antes dos dez anos de união, e a média de duração dos casamentos até o divórcio caiu para 13,8 anos.

Mas uma das tendências que mais chama a atenção é o crescimento das uniões entre pessoas do mesmo sexo, em especial entre mulheres. Em 2023, os casamentos homoafetivos femininos registraram um aumento de 6%. Já entre homens, houve uma leve queda de 5%, mas os números ainda se mantêm estáveis. O estudo também apontou que a idade média dos noivos em relações homoafetivas é maior: 34,7 anos para homens e 32,7 anos para mulheres.

Esses dados refletem transformações culturais e jurídicas iniciadas há mais de uma década, com o reconhecimento civil das uniões homoafetivas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e mostram que a diversidade familiar ganha cada vez mais espaço e visibilidade no cenário nacional.

MUDANÇA DE PARADIGMAS

O comportamento da sociedade brasileira está em constante evolução. As estatísticas do IBGE expõem um movimento de desaceleração dos modelos tradicionais de família, substituídos por relações mais fluidas, diversas e voltadas à individualidade e ao bem-estar. Casar e ter filhos deixou de ser um destino obrigatório para se tornar uma opção entre tantas outras.

Especialistas ouvidos por O Globo apontam que as dificuldades econômicas, os impactos da pandemia, o fortalecimento de pautas identitárias e a maior autonomia das mulheres são fatores centrais para compreender esse novo cenário.

Para os próximos anos, a tendência é de que esses números continuem refletindo a transformação profunda das estruturas familiares, influenciadas por um mundo cada vez mais conectado, plural e em constante mutação.

Fonte: Matéria publicada em 17/05/2025 pelo jornal O Globo, com base em dados do IBGE.

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