Baterista do Som do Sul visita redação da NG

Esteve visitando a redação da NG Revista, o baterista Cândido Mendes Júnior, filho de Lagoa Vermelha.

Atuando no meio artístico como baterista, com passagem no grupo tradicionalista Serranos, hoje no Som do Sul, Cândido recentemente, na edição da NG, em entrevista, contou um pouco de sua trajetória, desde os primeiros conhecimentos adquiridos em Lagoa Vermelha e depois na área, através de estudos, contatos e viagem. Uma bonita história.

Na NG, esteve acompanhado de seu tio, Ronaldo da Rosa. Ambos foram recepcionados pelo jornalista Marcos Roberto Nepomuceno.

Conferi a entrevista…

NG – Poderia recordar para os leitores da NG Revista como iniciou sua carreira como baterista?

Cândido – Meu primeiro contato foi no início dos anos 90, quando peguei alguns tambores e comecei a batucar na escola Presidente Kennedy. Em 1995 fiz parte da torcida organizada Fiel, do Lagoense, vice-campeão Série Ouro.  Desde muito cedo tive uma paixão pela bateria em especial, mas por uma influência musical familiar por ter tios gaiteiros das famílias Mendes e Xavier. Meu avô paterno, Abtino Mendes me mostrava e colocava escutar um disco vinil dizendo ser um primo segundo já famoso e consagrado na época, que era o Élio Xavier, o Porca Véia. Aí as coisas foram se encaminhando naturalmente, comprei meu primeiro instrumento em seguida e já saí tocando de cara o básico de muitos ritmos por ter visto alguns bateristas tocarem em festas na cidade ou na TV. Posteriormente busquei alguns grupos locais para iniciar mesmo, Maturino Antunes, Lucas Andrade, Ubirajara Figueiredo – Banda Luz do Luar –  e posso dizer que assim fui dando os primeiros passos na bateria.

Sua evolução profissional aconteceu de que forma? Há quanto tempo está no mercado?

Meu recurso foi, na época, para um conhecimento técnico inicial, os vídeos aulas em VHS que encontrava nas lojas de música em Passo Fundo, pois professores de bateria, com conhecimento, era somente em Caxias do Sul e Porto Alegre.

Um baterista inexperiente para se tornar um grande profissional é essencial se dedicar e treinar diariamente. Conhecer o meio musical. Concorda com esta afirmativa?

Muita força de vontade e principalmente paixão pelo que está fazendo, a bateria, assim como outro instrumento ou até como é no esporte, se o indivíduo quiser chegar a um nível técnico de conhecimento maior, pode-se dizer que vai ser uma vida dedicada aquilo. No meu começo cheguei a ficar por um período de 6 anos estudando em torno de 8 horas por dia exercícios técnicos, isso me trouxe uma base para posteriormente ser chamado para gravações, shows, bandas, aí o caminho vai se traçando naturalmente, os contatos vão chegando e assim se segue, mas sempre com a humildade e respeito em primeiro lugar, independentemente do nível técnico do trabalho musical.

Possui alguma atividade paralela? Nos conte…

Vivo da bateria, aulas gravações, um canal do YouTube, lições on line.

Como vê o meio musical na atualidade, em especial o brasileiro?

O meio musical está passando por muita dificuldade nestes tempos de pandemia. Está sendo um dos mais afetados, muitos músicos parando ou mudando de profissão, bandas fechando, casas de shows, clubes, etc.. Ninguém imaginava passar por essa situação e por tanto tempo, praticamente um ano sem eventos, mas não podemos frouxar, isso vai passar e sou positivo quanto ao retorno.

Sua função, possibilita o conhecimento de pessoas de destaque no meio artístico. No que isto contribuiu para sua formação profissional?

Sem dúvidas, a música te dá grandes oportunidades de conhecer e aprender a conviver e lidar com cada pessoa e situação, uma verdadeira aula de vivência, principalmente com esses artistas mais velhos que toquei e conheci.

Projetos para o futuro…

Sou patrocinado pela Pearl, uma marca japonesa. líder mundial no segmento bateria. Tenho um projeto com eles de workshops nos três Estados do Sul, abordando os ritmos daqui, que são na essência a minha área, esse projeto parado por conta da pandemia. Também vários projetos que participo de música instrumental, Pampa Jazz, Cozinha Gaúcha, Cromatche, todos abordando música instrumental gaúcha com nossas influências de vários outros estilos.

Dicas para quem deseja atuar na profissão de baterista.

Primeiro gostar, ter amor pela música e ao instrumento, dedicação com estudos técnicos. Principalmente nos primeiros anos buscar um bom professor ou curso, hoje com a facilidade de informações, e ter um cronograma de estudo diário, pois será a sua base, quanto mais firme e sólida, no caso do baterista, vai ter mais chances no mercado.

O que jamais voltaria a fazer como profissional?

Pela minha idade, já 4.1 (risos)… seria tocar em média de 180 a 210 bailes shows por ano, como fiz ali com os Serranos, fora os dias de viagem, acho que isso é para um (atleta) da bateria mais novo.

Já sinto muitas dores nas costas, inclusive um início de hérnia de disco, mal que assola todos os bateristas que ficam por muitos anos tocando em turnê.

 Existe alguma adversidade na profissão e que merece observação?

As adversidades da profissão são muitas, mas as viagens são realmente uma coisa que tem que gostar, geralmente um grupo trabalhando roda de mil a dois mil quilômetros por fim de semana, então é a máxima aquele da canção, o artista vai onde o povo está, muitas vezes deixando a família de lado e as datas especiais, festas, aniversários etc.

Praticamente há 20 anos, agora neste tempo de pandemia, que estou passando um sábado, um domingo em casa com a família, tenho um filho de 8 anos, o Miguel. Está sendo muito legal aproveitar ele nessa idade, brincar. Mas quando voltar tudo, segue o baile! Papai vem casa só de terça a quinta.

Encontro com famosos… Algo para contar? Fato ou fotos marcantes?

Foram muitos encontros pelas estradas, programas de TV e gravações. Em destaque que me vem em mente, Sérgio Reis e Eduardo Araújo nas gravações de um DVD, Milionário e José Rico, num programa TV em São Paulo, Guilherme e Santiago, Fagner.

Sergio Reis me elogiou no final da gravação e me deu os parabéns, tinha uma parte que eu fiz um solo dulelo com o Edson Dutra, o “Sérjão” ficou maluco com aquilo (risos).

Seu ídolo na área? Explique…

No Brasil, em especial no tempo das primeiras vídeo aulas VHS, aí em Lagoa Vermelha, ainda o Duda Neves, um grande músico que tocou com os maiores nomes da MPB. Tim Maia, Alcione, Tete Espíndola, Jorge Benjor e muitos outros. Hoje tenho o prazer de conhecê-lo pessoalmente e ter contato, um ser humano iluminando com muita história para contar.

Na música gaúcha, em especial, o Paulista que tocou nos Araganos, Som Campeiro e Garotos de Ouro.

No mundo, Dennis Chambers e Buddy Rich, os dois norte americanos. Pode-se dizer que são os Pelés da bateria.

Distante de Lagoa Vermelha, continua com algum vínculo com sua cidade?  Tem visitado Lagoa?

Tenho familiares por aí, sim. Tios e primos famílias da Rosa e Mendes. Ronaldo da Rosa, em especial, de vez em quando de passagem, faço uma visita a terrinha.

Na sua avaliação, frente a revolução tecnológica que está acontecendo, redes sociais, entre outros… onde tudo é rápido e instantâneo… qual sua avaliação para a futuro, em especial na sua profissão?

Acho que as tecnologias atuais e também a facilidade de informações só vieram a somar. Ao contrário, temos que ter cuidado, pois vejo muitas vezes tudo ficando muito superficial.

O futuro está aí a cada dia se desenhando, as redes só somaram para um artista, muitas vezes sem recursos para lançar sua carreira e trabalho. Em tempos atrás era bem mais o investimento, que falava mais alto, hoje já existem os milagres da internet (risos).

Ah! Sobre os bastidores no meio artístico, o que mais aprendeu?

Aprendi que pausa também é música, em tese para o entendimento geral, ouvir as pessoas e tentar entender cada ponto de vista, antes de expressar o seu, se necessário for.

Ainda sobre o meio artístico, qual a tendência daqui para frente, no seu modo de ver?

Vejo um retorno dos eventos e shows perto da normalidade somente depois da vacinação total e uma unidade em rebanho, enquanto isso nos resta não parar, continuar produzindo conteúdo e música para não cair no esquecimento, na volta quem for lembrado vai ser contratado.

 Se considera um profissional vitorioso e cheio de sucesso?

Me considero sim, principalmente por amar o que faço e vou tocar bateria, se Deus quiser, até o fim da minha vida. Profissionalmente falando, acho a maior vitória, o resto vem junto.

Sua família…

Casado com uma catarinense, morando em São Bento do Sul, um filho de 8 anos, batera já também. Mas diz ele que quer ser construtor, não baterista.

O aperfeiçoamento profissional é necessário em qualquer profissão. Como tem tratado este assunto em relação a ti?

Depois de um tempo tocando, fiz aulas para um aprimoramento com grandes professores, Kiko Freitas, Fábio Schneider, Marcos Mangoni e Endrigo Bettega. A música é um eterno aprendizado e sempre que posso sento um pouco no instrumento para praticar.

 Quanto a cultura gaúcha… Em meio a tantas influências, ela sobrevive?

A cultura gaúcha não vai morrer enquanto vermos crianças pilchadas em bailes CTGs, Rodeios ou mesmo pelos sítios, fazendas do interior. Infelizmente, nós gaúchos, não valorizamos como nos Estados do Paraná e Santa Catarina, o exemplo é a própria agenda de grandes grupos e artistas do meio. 70% Paraná e SC e 30 % no Rio Grande do Sul. São Bento do Sul, SC, onde resido, 100 Km de Curitiba e 60 km de Joinville, todas as rádios rodam música gaúcha em vários horários. No Rio Grande do Sul não se vê isso. O maior baile que toquei foi em Ponta Grossa, Paraná, para um público de 12 mil pessoas, o povo é louco pela cultura e música gaúcha, lá.

Sobre o Grupo Som do Sul… O que poderia destacar?

O Som do sul completou 2 anos agora e apenas um ano trabalhando, somos todos sócios-músicos, conseguimos um crescimento bom em pouco tempo pela internet, também as lives, inclusive uma feira aí em Lagoa Vermelha, somando todas já passa de 2 milhões de visualizações só no YouTube, fora Facebook ,que é maior o número, essa hoje é a maior propaganda para o grupo.

Para descontrair… É gremista ou colorado? O que prevê para nosso time…

Gremista! Somos! Esse ano vamos longe!

Sua mensagem aos leitores da NG Revista e também para Lagoa Vermelha e região…

Dizer que por onde passo digo com orgulho que sou de Lagoa Vermelha, a cidade de onde vim e região, pois esse povo que está aí me ajudou muito na formação como pessoa e músico que sou hoje. As nossas essências que nos forjam para o mundo. Meu muito obrigado a revista NG pela oportunidade de mostrar e falar um pouco da minha história, gratidão pelo espaço e se Deus permitir logo, logo estaremos com saúde juntos em um fandango por aí. Abração a todos os amigos, familiares e conterrâneos.

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