Foi inaugurado na tarde desta sexta-feira, 5 de dezembro, na Avenida Afonso Pena, em frente à Matriz São Paulo, o Banco Vermelho de Lagoa Vermelha e o Selo Municipal “Não Se Cale”.
A iniciativa é conjunta entre a Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção Lagoa Vermelha, Comissão da Mulher Advogada, Câmara Municipal de Vereadores e Prefeitura Municipal.
O propósito central é promover consciência social, prevenção e enfrentamento a todas as formas de violência contra a mulher.
O Banco Vermelho — política de sensibilização que surgiu na Itália em 2016 e foi transformada em lei nacional em 2024 — representa o sangue derramado pelas vítimas de feminicídio. Sua presença em local público busca provocar reflexão, incentivar denúncias e fortalecer redes de acolhimento.
Também foi apresentado e aplicado pela primeira vez o Selo Municipal “Não Se Cale”, que identifica ambientes públicos e privados comprometidos com ações, campanhas e políticas de proteção. Por meio do QR Code inserido no selo, o cidadão tem acesso a legislações, canais de atendimento, campanhas educativas e orientações oferecidas pela Prefeitura, OAB, Câmara de Vereadores e demais instituições.
Solenidade e representações
A inauguração contou com a presença de autoridades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como representantes da OAB, forças policiais, imprensa e comunidade.
O vice-prefeito Alessandro Capri Muliterno representou o prefeito municipal.
Do Poder Judiciário, esteve presente a juíza diretora do Foro, doutora Lilian Raquel Bozza.
A OAB foi representada pelo presidente da subseção, doutor Aldemar Ottoni Iglesias Braghirolli, e pela Comissão da Mulher Advogada, presidida por doutora Juliana Chilanti Tonial.
Durante o ato, também foi feita a fixação do primeiro selo municipal em banheiro público, simbolizando o comprometimento de Lagoa Vermelha com o enfrentamento da violência de gênero e com a oferta de informações e serviços de apoio às vítimas.
Manifestação da Comissão da Mulher Advogada
Em discurso emocionado, a presidente da Comissão da Mulher Advogada, doutora Juliana Chilanti Tonial, destacou que cada centímetro do Banco Vermelho carrega histórias interrompidas e vidas perdidas.
Ela reforçou que o enfrentamento à violência doméstica precisa ser construído em conjunto:
“Essa causa não é só das mulheres. É também dos homens, dos pais, das famílias e de toda a sociedade. Violência doméstica se combate com informação, acolhimento, coragem e denúncia.”
Juliana também ressaltou o trabalho permanente desenvolvido pela OAB, como o projeto Mais Marias, que acompanha audiências e oferece atendimento humanizado às vítimas em parceria com o Judiciário e o município.
Discurso da vereadora Charise Bresolin
Idealizadora do Projeto “Não Se Cale”, a vereadora Charise Bresolin apresentou números alarmantes de violência contra a mulher no Brasil e reforçou a importância da adoção do selo como instrumento público de combate:
“O selo simboliza um compromisso com a vida e com a dignidade. Ele afirma que violência física, psicológica, sexual, moral ou patrimonial não serão ignoradas e que denúncias serão acolhidas.”
Charise fez questão de salientar que a efetividade de políticas públicas exige verdade, equilíbrio e responsabilidade:
“É fundamental apoiar vítimas, mas também assegurar que falsas denúncias não distorçam o combate à violência. Defender a verdade e punir a calúnia fortalece quem realmente precisa de proteção.”
Ao final, ela agradeceu todas as entidades que contribuíram para o projeto, citando a Comissão da Mulher Advogada, assessorias de imprensa, assessoras parlamentares, policiais, representantes da Prefeitura e da Câmara, e a deputada estadual Fran Bayer, responsável pela exposição de banner montada no evento.
Fala do vice-prefeito Alessandro Capri Muliterno
Em sua manifestação, o vice-prefeito classificou o momento como um marco de união institucional e afirmou que o Banco Vermelho carrega sentimentos mistos:
“A alegria de ver entidades e pessoas unidas por uma causa tão urgente. Mas também tristeza por sabermos que, mesmo em pleno 2025, ainda convivemos com agressões, feminicídios e estatísticas crescentes. Que o vermelho também simbolize um sinal de pare.”
Muliterno reforçou que o enfrentamento precisa ser contínuo e que o compromisso de cada instituição deve ir além da cerimônia, alcançando ações concretas na proteção das mulheres.
Declaração da juíza Lilian Raquel Bozza
A juíza diretora do Foro, doutora Lilian Raquel Bozza, destacou a parceria entre Judiciário, OAB e Poder Executivo para atendimento às vítimas e desenvolvimento de ações educativas, especialmente nas escolas.
Ela lembrou que o Banco Vermelho e o Selo Municipal estão previstos na legislação nacional e encorajou as instituições a seguirem firmes na prevenção:
“Temos que orientar nossas crianças e jovens sobre respeito, dignidade e direitos. Os meninos precisam aprender a não praticar violência. As meninas, a nunca aceitá-la.”
Manifestação do presidente da OAB, Aldemar Ottoni Iglesias Braghirolli
Encerrando o ato, o presidente da OAB destacou que o banco e o selo representam um novo eixo de ação: a prevenção.
Ele observou que, enquanto delegacia, fórum e OAB atuam sobre casos já consumados, o Banco Vermelho busca agir antes da violência:
“Que a reflexão diante do banco e o contato com o selo rompam o silêncio, estimulem denúncias e fortaleçam o convívio familiar e social. Violência contra a mulher não tem desculpa — tem lei.”
Braghirolli também apontou que os dados locais evidenciam a necessidade urgente de conscientização, citando o número expressivo de processos-crime envolvendo mulheres como vítimas.
Compromisso permanente
Com a instalação do Banco Vermelho e implantação do Selo “Não Se Cale”, Lagoa Vermelha dá início a um movimento institucional de transformação cultural, reforçando que violência contra a mulher é crime e que o enfrentamento é dever de todos.
Espaços públicos, banheiros, escolas, repartições e empresas podem solicitar o selo e aderir à campanha, assumindo compromisso diário com acolhimento, prevenção, informação e denúncia.
O Banco Vermelho permanece exposto como memorial e alerta permanente:
que nenhuma mulher seja silenciada, invisibilizada ou assassinada pela violência.





