Ana Amélia Lemos critica cenário político e tarifário em entrevista ao Canal AgroMais: “O clima no Congresso nunca esteve tão agudo e crítico”

A jornalista e ex-senadora Ana Amélia Lemos, natural de Lagoa Vermelha (RS), concedeu entrevista ao Canal AgroMais na terça-feira, 5 de agosto, para comentar o conturbado retorno dos trabalhos no Congresso Nacional, o impacto do “tarifaço” norte-americano sobre os produtos brasileiros e os reflexos da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em tom crítico e analítico, ela destacou os entraves políticos, as prioridades do agronegócio e a instabilidade institucional do país.

CONGRESSO PARADO E O AGRONEGÓCIO EM ALERTA

Durante a conversa com a jornalista Simone Leite, Ana Amélia lamentou o impasse político que travou votações importantes no Legislativo, como os vetos ao autolicenciamento ambiental — pauta de interesse direto do agronegócio. “O Congresso está parado. Senado e Câmara estão em protesto porque querem impor a pauta da anistia”, afirmou. “A oposição está muito bem organizada para forçar a votação tanto da anistia geral quanto do impeachment do ministro Alexandre de Moraes”.

Ela lembrou que temas sensíveis ao setor produtivo, como o licenciamento ambiental, celulose, café, carne e pescado, estão sendo afetados pela paralisia institucional. “É uma situação muito complicada e o agro está no centro dessas consequências”.

A PRISÃO DE BOLSONARO E A CHAMA DA OPOSIÇÃO

A comentarista ressaltou que a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro acirrou ainda mais o clima em Brasília. “A oposição viu sua narrativa se reforçar. A prisão do ex-presidente acendeu uma chama dentro do Congresso que impulsiona a discussão da anistia e amplia a mobilização contra decisões do STF”.

Segundo Ana Amélia, o contexto atual mistura ingredientes político-jurídicos e institucionais que colocam o país num momento de tensão histórica. “O clima nunca esteve tão agudo e tão crítico como agora”.

TARIFAS DOS EUA: UMA AÇÃO ARBITRÁRIA

Ana Amélia também comentou o impacto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, como carnes, frutas, café, mel, pescados e calçados. “O dia 30 de junho de 2025 será lembrado como um marco lastimável nas relações Brasil-Estados Unidos”. E completou: “Nunca houve precedente de uma ação tão arbitrária em mais de dois séculos de relações bilaterais”.

Ela classificou como grave a tentativa de ingerência sobre os poderes brasileiros e criticou o tratamento unilateral dado pelos EUA ao Brasil, mesmo com um histórico de superávit expressivo em favor dos norte-americanos. “Não há justificativa. O superávit deles foi de 410 bilhões de dólares em 15 anos. Essa punição fere nossa soberania comercial”.

ENTRE BRAVATAS E REALIDADE CLIMÁTICA

Sobre a fala do presidente Lula durante o “Conselhão”, Ana Amélia criticou a retórica adotada. “O presidente Lula diz que não vai ligar para Trump para negociar, mas vai convidá-lo para a COP30”. E concluiu: “Isso é uma provocação. Sabemos que o Trump não trata a questão climática com seriedade”.

Ela pontuou que, apesar da resistência da direita em discutir mudanças climáticas, os agricultores são diretamente afetados pelas transformações do clima. “O agricultor olha pro céu, não para o Congresso. Sabe que o clima está mudando. Até as flores estão desreguladas. A flor de maio aqui em casa floresceu em agosto”.

DESAFIO É ECONÔMICO, NÃO APENAS POLÍTICO

Ao final da entrevista, Ana Amélia reforçou que o impacto do tarifaço é tão grave quanto uma catástrofe natural. “Para onde vamos mandar o mel do Piauí, a tilápia, a carne, os calçados? Essa decisão arbitrária dos EUA afeta diretamente nossas exportações”.

Ela elogiou os esforços de estados e do vice-presidente Geraldo Alckmin, que tenta mitigar os danos. No entanto, alertou para a gravidade da crise. “A cada dia surgem mais dificuldades. O problema agora não é só climático. É político, econômico e institucional”.

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